É comum que a meditação represente para a maioria das pessoas uma prática religiosa de origem oriental, estranha aos nossos costumes. Na verdade, ela tem uma variedade ampla de aplicação, além dos fins religiosos, ela pode ser utilizada para melhorar a nossa qualidade de vida, o nosso desempenho profissional e até corrigir inúmeras disfunções. Da mesma forma que os exercícios físicos são importantes para a nossa saúde física, os exercícios mentais, através das práticas meditativas, também trazem saúde e bem-estar geral para a nossa vida.
A vida agitada que o momento presente nos impõe, nos leva a realizarmos inúmeras tarefas e que, de tão repetitivas, nos fazem vivermos realizando-as de forma automática, vivendo no nosso “piloto automático”. Não temos muito tempo para sentir e refletir sobre cada momento e também não sobra tempo para “pensar sobre” e muito menos ainda para analisar e criticar os nossos próprios pensamentos. É comum confundirmos e acharmos que os nossos pensamentos e emoções somos nós, na verdade eles não são. Por tudo isso a ansiedade, o estresse e a depressão marcam presença com mais frequência em nossas existências.
A imagem de que a meditação parece representar uma pratica de origem religiosa oriental faz sentido porque estas religiões as valorizam muito, desde milênios já conheciam os seus benefícios. Basta observarmos a figura, em qualquer lugar, do próprio Buda, na sua postura meditativa. Apesar dessa valorização oriental, na verdade todas as religiões as praticam, desde as suas criações. Logicamente as diversas religiões dão nomes diferentes para essas práticas, mas no fundo é a mesma coisa. Para os religiosos “a meditação é fruto de uma sabedoria espiritual universal e uma prática que nós encontramos no centro de todas as grandes tradições religiosas, uma peregrinação da mente para o coração”.
A partir dos anos 70 as práticas meditativas também passaram a ser alvo de pesquisas médicas, estas mostraram e comprovaram cientificamente os seus inúmeros benefícios. Surgindo daí o que se chama atualmente de Meditação Mindfulness (consciência plena). A palavra é uma tradução para o inglês da palavra Sati (do idioma Pali, uma língua antiga indiana, próxima daquela falada pelo Buda). Sati pode ser entendido como claridade mental, atenção no momento presente, estar consciente e vigilante.
A ideia do Mindfulness nasceu na Universidade de Massachuetts, em Boston nos EUA, com o professor da Escola de Medicina Jon Kabat-Zinn. Ele foi o responsável por desenvolver o primeiro programa que criou a técnica, ainda em 1979. Além de médico, Jon é um cientista renomado e adepto do budismo como filosofia de vida. Sua experiência e conhecimento sobre meditação certamente serviram de inspiração para que ele resolvesse usar o método da consciência plena como tratamento para os pacientes do hospital local, surpreendentemente, os resultados foram muito positivos. A partir disso, o Mindfulness começou a ganhar cada vez mais notoriedade, sendo adotado no mundo todo.
Para todas as gerações,11/2019, por Dr. Carlos Veronese